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    14 de setembro de 2015

    OPERAÇÃO "VIRIATO" IV

    Apostas no quartel-general
    Cumprida a missão entre o Caxito e a Ponte do Dange, o Batalhão de Caçadores 96 recebe novas ordens. O general Silva Freire tinha decidiu lançar a Operação Viriato - a primeira acção militar de grande envergadura da Guerra Colonial. Objectivo: conquistar Nambuangongo, a vila localizada a cerca de 200 quilómetros e que desde Março estava ocupada pelos guerrilheiros da UPA.
    A operação consistia na progressão de dois batalhões de Caçadores e de um esquadrão de Cavalaria por três eixos de ataque convergentes sobre Nambuangongo. O Esquadrão de Cavalaria, comandando pelo capitão Rui Abrantes, parte de Ambriz, no litoral. O Batalhão de Caçadores 114, do tenente-coronel Oliveira Rodrigues, abala da zona de Caxito - enquanto ao tenente-coronel Maçanita, à frente do Batalhão de Caçadores 96, é confiado o caminho mais longo (ver infografia na pág. 3).
    A Operação Viriato, além da conquista de Nambuangongo, tem ainda como objectivo abrir três itinerários fundamentais para apoiar a reocupação militar do Norte. O mês de Julho já vai a meio e o Governo de Lisboa exige aos altos comandados de Luanda a vitória total até meados de Setembro - antes do início da época das chuvas e antes da reabertura da Assembleia Geral da ONU. Não há tempo a perder.
    Está em marcha um verdadeira corrida disputada por três unidades militares que tem como meta a vila ocupada pelos guerrilheiros. Quem chega primeiro a Nambuangongo? No quartel-general em Luanda apostavam singelo contra dobrado no Batalhão de Caçadores 114. Era comandado pelo tenente-coronel Henrique de Oliveira Rodrigues - oficial com o curso de Estado-Maior e que fora um dos alunos dilectos do general Silva Freire no Instituto de Altos Estudos Militares.
    Oliveira Rodrigues foi um aluno aplicado. Aprendeu tudo o que os livros ensinam sobre estratégia, táctica e acção de comando. Silva Freire, o comandante máximo da manobra de reocupação do Norte de Angola, tinha orgulho no seu pupilo. Estava convencido que o discípulo seria o primeiro a chegar a Nambuangongo. O general, porém, estava a cometer um erro imperdoável: subestimava a tenacidade e o desembaraço do tenente-coronel Armando Maçanita que, sem os preceitos da doutrina aprendida nos altos estudos, conduzia a operação à sua maneira - "à Maçanita", como diziam entre dentes os oficiais do estado-maior de Silva Freire.


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