A morte do capitão no «Corredor do Guileje»
Os guerrilheiros do PAIGC demonstraram, desde o início da guerra, elevada preparação para o combate e, em Abril de 1966, no «Corredor de Guileje», uma força de pára-quedistas e outra da guerrilha defrontaram-se numa situação reveladora do nível de violência a que os confrontos já se desenrolavam.
A Operação Grifo previa a realização de emboscadas por um pelotão de pára-quedistas no Sul da Guiné, para impedir a penetração de guerrilheiros vindos da Guiné-Conacri. Essa força montou uma emboscada de madrugada, em terreno que oferecia bons abrigos, ficando a aguardar. Cerca das dez horas aproximou-se um grupo de guerrilheiros. Já muito perto dos pára-quedistas, os primeiros homens fizeram fogo de reconhecimento, lentamente foram entrando na «zona de morte» da emboscada, mas logo recuaram por terem detectado a presença dos páras, que abriram fogo e causaram algumas baixas. Ocorreram, a partir de então, factos reveladores do grau de preparação dos guerrilheiros e da capacidade dos páras. Segundo o relatório da operação, «a reacção do inimigo foi incrivelmente rápida e com grande potencial de fogo em tiro rasante».
Um dos três guerrilheiros sobreviventes da «zona de morte» abriu fogo, atingindo o capitão Tinoco de Faria, que, ao sentir-se alvejado, tentou mudar de posição, sendo novamente baleado com gravidade. Alguns segundos depois, foram abatidos os três guerrilheiros que tentavam fugir, mas os restantes tinham-se instalado junto à mata ocupada pelas forças portuguesas, desencadeando violento ataque com metralhadoras pesadas.
Numa pausa, o pelotão tentou transportar o ferido para local onde fosse possível a sua evacuação, pois inspirava sérios cuidados. O inimigo mudou de táctica, seguindo as tropas e flagelando-as à distância. Ao chegar à margem do rio Tenhege, o pelotão sofreu novo ataque de elementos emboscados no interior da mata. Entretanto, o estado de saúde do capitão agravou-se de forma irrecuperável, tendo morrido cerca do meio-dia.
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