A Subsecretaria e Secretaria de Estado da Aeronáutica
A Subsecretaria depois Secretaria de Estado da Aeronáutica foi criada na dependência do Ministro da Defesa Nacional e, deste modo, na Presidência do Conselho de Ministros. As suas atribuições diziam respeito a tudo o relativo à Força Aérea e consequentemente às Tropas Pára-quedistas.
Em 1955, foi designado para Subsecretário de Estado da Aeronáutica o autor deste Apontamento, a quem, na sua qualidade de primeiro Subsecretário e depois primeiro Secretário de Estado da Aeronáutica, competia o desenvolvimento da Força Aérea e das Tropas Pára-quedistas. Assim teve lugar, verificando-se um desenvolvimento rápido e, pelo menos entre nós, extraordinário na sua dimensão e invulgarmente apurado em termos de qualidade.
O Desenvolvimento da Força Aérea
Na Força Aérea, constituíram-se o Conselho Superior da Aeronáutica, a Comissão Técnica da Força Aérea, o Estado-Maior da Força Aérea; os Comandos das Regiões Aéreas; as Direcções dos Serviços; o dispositivo de instrução, operacional e logístico de 1º e 2º escalões, com as Bases Aéreas, Aeródromos-Base e Aeródromos de Manobra; o dispositivo logístico de 3º escalão, com o Depósito Geral de Material da Força Aérea as Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, o Parque de Equipamento de Obras, etc. Entraram em vigor novos e muito mais latos quadros de pessoal. Obtiveram-se, por cedência no âmbito da NATO e por aquisição, aviões, helicópteros e toda a espécie de equipamento adequado. Foram preparadas as infraestruturas necessárias. Foram postos a funcionar ou a funcionar mais capazmente os Órgãos Consultivos, o Estado-Maior, os Comandos, as Direcções e as Unidades. E foram actualizados e aperfeiçoados no máximo possível a instrução e o treino operacional.
Quando o Subsecretário de Estado da Aeronáutica forçou que se pensasse na extensão da Força Aérea ao Ultramar Português, fizeram-se reconhecimentos, elaboraram-se planos e definiram-se as 1ª, 2ª e 3ª Regiões Aéreas; a 1ª abrangendo a Metrópole, Cabo Verde e Guiné, a 2ª, Angola e São Tomé e Príncipe, e a 3ª, Moçambique. E logo, ou quase logo, foram constituídos os respectivos Comandos, Direcções e Unidades, enviando-se pessoal e material progressivamente, na medida das possibilidades, de resto francamente crescentes, e preparando-se as infraestruturas, de início no estritamente indispensável e depois no folgadamente necessário.
Deste modo e apesar das obstruções políticas e financeiras, que se verificaram, e das dificuldades inerentes a tão grande tarefa, o facto é que , com a rapidez - 3 a 4 anos - a Força Aérea, dos cerca de 90 000 Km2 metropolitanos, passou a abranger os cerca de 2 000 000 Km2 do Todo Português.
O Desenvolvimento das Tropas Pára-quedistas
Nas tropas Pára-quedistas teve lugar também enorme desenvolvimento.
O seu Batalhão, cujo aquartelamento foi inaugurado oficialmente em 1956, foi elevado a Regimento em 1961. Esta casa-mãe daquelas Tropas, dispondo de um aquartelamento excelente em estado permanente de impecabilidade, era o centro de instrução fundamental onde funcionavam os diversos cursos e onde eram preparadas as forças operacionais. O Batalhão e depois Regimento era, também, o centro da logística especificamente pára-quedista.
Considerando o Todo Português, previram-se e constituíram-se sucessivamente cinco batalhões operacionais. O Batalhão nº11, em Tancos, junto do Regimento; o Batalhão nº12, em Bissau, num aceitável aquartelamento; o Batalhão nº21, em Luanda, num aquartelamento modelo; e os Batalhões nº31 e 32, respectivamente na Beira e em Nacala, em bons aquartelamentos.
Entraram em vigor novos e muito mais latos quadros de pessoal, incluindo a grande novidade das enfermeiras pára-quedistas. Obteve-se equipamento, incluindo a melhor espingarda automática então existente. Foram postos a funcionar o Regimento e os Batalhões. E muito especialmente foram extremamente cuidados a instrução pára-quedista e o treino de combate em terra.
Foi um esforço imenso em que todos se empenharam com fervor e eficácia.
No entretanto, reapareceram as discordâncias com o Exército. Principalmente, no recrutamento em praças do Exército e no de mancebos directamente para as Tropas Pára-quedistas. Também, no regresso ao Exército dos Oficiais, Sargentos e Praças, após o termo da sua carreira pára-quedista. Ainda e novamente, no relativo aos privilégios em gratificações e dotações para alimentação dos militares pára-quedistas. Tudo, porém, acabou, não sem custo, por se ajustar razoavelmente.
Assim e apesar de todas as dificuldades, as Tropas Pára-quedistas cresceram muito em prazo relativamente curto, instalando-se oportunamente e actuando em todo o Espaço Português em guerra ou onde esta parecia eminente.
© Direitos reservados.
© Direitos reservados.
Sem comentários:
Enviar um comentário